Caminho Fenomenológico do Conhecimento
- Germana Carsten

- 26 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 10 de jun. de 2022
Para a compreensão plena do que se trata Constelação familiar necessário fazer uma distinção entre conhecimento científico e fenomenológico. O primeiro se estende e quer abranger
algo, até então, desconhecido, até que o possua e ele esteja à sua disposição. O Esforço científico é um exemplo, e sabemos o quanto transformou, assegurou e enriqueceu nosso mundo e nossa vida.
O segundo movimento se origina quando nos detemos, durante o esforço de abranger algo, e dirigimos o olhar não mais para algo palpável, mas para um todo. O olhar, portanto, está pronto para receber, ao mesmo tempo, o muito que está a sua frente. Se nos deixarmos levar pelo problema, notamos como nosso olhar fica, ao mesmo tempo, pleno e vazio. Pois só podemos nos expor a plenitude e suportá-la, quando primeiro nos abstraímos do individual. Assim, nos detemos em nosso movimento de extensão e nos retraímos em um pouco, até alcançar aquele vazio que pode resistir à plenitude e à diversidade.
A esse movimento, primeiro de retenção e depois de retração, chamo de fenomenológico. Ele conduz a outros conhecimentos diferentes daqueles do movimento abrangente. Contudo, ambos se completam, pois, também no movimento do conhecimento cientifico abrangente, precisamos, às vezes, de nos deter e dirigir nosso olhar do estrito ao amplo, do próximo ao distante.
O Processo do Caminho Fenomenológico do conhecimento, nos expomos à grande variedade dos fenômenos, dentro de um determinado horizonte, sem escolher ou avaliá-los. Esse caminho do conhecimento exige, portanto, um esvaziar-se, tanto em relação às ideias habituais quanto em relação aos movimentos internos, sejam eles da esfera dos sentimentos, da vontade ou do julgamento. Nesse processo, a atenção está, ao mesmo tempo, dirigida e não dirigida, centrada e vazia.
A postura fenomenológica exige uma pronta disposição para a ação, entretanto, sem agir. Através dessa tensão nos tornamos altamente capazes e prontos para a percepção. Quem suporta esta tensão, percebe, depois de algum tempo, que a diversidade dentro desse horizonte se une em torno de um centro e, inesperadamente, vê conexão, talvez uma ordem, uma verdade ou o próximo passo a seguir. Esse conhecimento vem ao mesmo tempo de fora, é vivenciado como dádiva e é, via de regra, limitado.
O método fenomenológico é originalmente um método filosófico. Acontece quando alguém se expõe a alguma coisa, sem intenção, sem medo, esquecendo tudo aquilo que sabia, até então, sobre ela. A pessoa se expõe um contexto obscuro e, de repente, apreende a essência de uma coisa.
Essas compreensões, porém, não foram conquistadas apenas através da aplicação filosófica do caminho fenomenológico do conhecimento. Foi necessário, ainda, um outro acesso, o saber através da PARTICIPAÇÃO. Esse acesso se abre através das constelações familiares, quando se realiza de maneira fenomenológica.
Jung – Uma Percepção do Futuro
“Quando trabalhei com as árvores genealógicas, compreendi a estranha comunhão de destinos que me ligava a meus antepassados. Tenho a forte impressão de estar sob a influência de coisas e problemas que foram deixados incompletos e sem resposta por parte de meus pais, meus avós e outros antepassados, sem que estes lhes houvessem dado qualquer resposta; ou melhor que, deveria terminar ou simplesmente prosseguir, tratando de problemas que as épocas anteriores haviam deixado em suspenso.
Carl Gustav Jung – Memórias, Sonhos e Reflexões
(1875-1961) Escreveu em sua Biografia, publicada em 1962, em edição póstuma







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